A Rebdeldia da Esposa Desprezada ( Flavia Almeida )

Capitulo 8 

A ligação, ao ser encerrada abruptamente, fez Marcelo Lopes franzir a testa, num gesto de descontentamento. 

A voz feminina ao lado chamou–o novamente: “Marcelo?” 

Marcelo Lopes levantou o olhar e a encarou por um breve momento, guardou o celular el respondeu com frieza: “O que quer afinal?” 

Antônia Carvalho estendeu a ele uma caixa embrulhada com capricho, falando baixinho e com um toque de timidez: “Eu estava em casa esses dias, sem muito o que fazer, e fiz uns quitutes pra você experimentar.” 

Ele não se mexeu, apenas olhou para ela com um olhar inquisitivo: “Tudo isso por causa de uns docinhos?” 

Ela sentiu um aperto no coração, segurou firme na caixa, e respondeu com voz baixa: “Não é so isso… eu também queria falar sobre trabalho.” 

Ele respondeu sem dar muita atenção: “Deixa as coisas da internet pra lá, passa o Twitter pro teu agente. Em alguns dias, alguém da Criativa Digital Ltda. vai te procurar pra falar de um contrato, ai tu ajuda na divulgação.” 

O coração de Antônia se encheu de alegria. 

Ela já tinha se oferecido para fazer a dublagem de A Guerra dos Tronos algumas vezes para Marcos Rocha, mas ele sempre dispensava ela rapidinho, o que a deixou irritada por um bom 

tempo. 

Não que ela estivesse tão interessada na dublagem do jogo, era mais por não querer dar espaço pra “ArtedaFlavia“, se dar bem. 

Quando Segredos do Coração estava bombando, ela foi parar nos trending topics algumas vezes por causa da dublagem, dizendo que a atuação dela só se salvava por causa da voz, que sem ouvir o áudio, parecia que estava num teatro de marionetes. 

Os trending topics colocaram “Flavia“, num pedestal, e o reconhecimento que ela tanto batalhou pra ter em seu trabalho foi todo pra “Flavia“. Quem não se chatearia? 

Pra provar que seus diálogos originais eram bons, ela divulgou vídeos do processo de filmagem com sua voz real, e ainda comprou um trending topic “Antônia Carvalho tem boa dicção“. 

Ela achou que isso ia fazer a galera mudar de ideia, mas acabou sendo motivo de chacota. 

O público e os críticos de cinema massacraram seus diálogos e atuação, e novamente elegeram “Flavia“, como a estrela. 

Ela estava quase explodindo de raiva! Procurava por uma chance de dar o troco, e por sorte ouviu Marcos Rocha conversando com Luiz Barros sobre a dublagem de A Guerra dos Tronos, 

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querendo convidar “Flavia“. 

Ela não dava a minima para a dublagem de um jogo, mas se isso incomodava “Flavia“, ela faria de tudo para conseguir o papel. 

Com um sorriso por dentro, mas hesitante por fora, ela perguntou: “Presidente Rocha concordou? Parece que ele não gosta muito de mim, se ele não quiser, não precisa insistir, 

não quero causar desentendimentos entre vocês.” 

Marcelo Lopes a olhou profundamente, um olhar que parecia querer desvendar todos os seus segredos, deixando Antônia com um arrepio na espinha. 

Mas ele apenas avisou: “Teu agente chegou.” 

Antonia se recompôs e viu seu agente acenando do lado de fora da janela. 

Ela pensou em fazer charme para Marcelo Lopes levá–la para casa, mas o assistente dele, Pedro Ribeiro, já havia aberto a porta do carro com um gesto convidativo. 

Não tendo como recusar, ela se despediu de Marcelo Lopes e saiu do carro, mas não sem antes lançar um olhar fulminante para Pedro. 

“Presidente Lopes, para onde vamos?” 

Marcelo Lopes massageou o canto dos olhos, cansado, e respondeu: “Vamos para casa.” 

Seu sono estava péssimo nos últimos dias, para ser exato, desde que Flávia Almeida saiu de 

casa. 

So de pensar naquela mulher, ele começava a se irritar de novo. 

Pegou o copo de água, deu um gole e franziu a testa: “Água pura?” 

Pedro explicou: “A senhora já tinha acabado com os sachês de chá e ainda estamos pra repor. Depois eu ligo pra ela.” 

Marcelo Lopes pausou por um instante e disse secamente: “Não precisa.” 

Procurar aquela mulher só significava ouvir coisas que o deixariam irritado de novo! 

Ele tomou outro gole da água, pensando que, depois de mais de vinte anos bebendo água pura. não entendia por que agora estava difícil de engolir. 

Será que água pura sempre foi tão ruim assim? 

Quando chegaram na Moradia Reserva do Sol, Marcelo Lopes salu do carro e Pedro retirou do veículo uma caixa de presente muito elegante, entregando–a para Marcelo Lopes. 

*Presidente Lopes, aquela bolsa que o senhor encomendou há dois meses chegou.” 

Uma bolsa de mais de três milhões, era como carregar um apartamento no ombro. Seus valores vinham sendo constantemente atualizados ao longo dos anos de trabalho. 

“A patroa vai adorar quando ver.” 

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Marcelo Lopes relaxou um pouco as sobrancelhas, mas respondeu friamente: “Ela queria, como não gostaria?” 

Pedro arqueou a sobrancelha, mas não disse nada. 

Ele não se lembrava da patroa falando que queria aquela bolsa. Foi só uma vez, num passeio de carro, que ela totheou uma revista e comentou que a bolsa parecia boa, e naquela mesma noite o Presidente Lopes mandou reservar 

Não tinha no Brasil, tiveram que pedir a um contato no exterior para conseguir, e mesmo assim levou dois meses para chegar. 

“Deixa no cano“, disse Marcelo Lopes, abotoando o paletó: “Amanhã ás nove da manha venha 

me buscat. 

Na manhã seguinte, pouco depois das nove, Flávia Almeida mal tinha terminado de se arrumar quando recebeu uma ligação de Marcelo Lopes. 

“Desca.” 

Flavia Almeida ficou confusa, e Marcelo Lopes: “gentilmente“, adicionou: “Estou te esperando aqui embaixo.” 

Flavia Almeida franziu a testa: “Você sabe onde eu moro?” 

Marcelo Lopes não quis perder tempo com conversa flada e desligou o telefone. 

Toda vez que discutiam, ela ou ficava em um hotel ou ia para a casa daquela amigal ressentida. Ele tinha acabado de cancelar o cartão do quarto dela, então onde mais ela poderia estar, senão na casa de Francisca Ferreira? 

1. de fato, assim que Flávia Almeida saiu do condomínio, lá estava o Mercedes de Marcelo Lopes estacionado ao lado da calçada. 

Ela hesitou por um momento, pensando em ir para o assento do passageiro, mas Pedro salu do carro e abriu a porta de trás para ela. 

Marcelo Lopes estava sentado do outro lado do banco traseiro, olhando para o celular. 

Ela não queria sentar junto a Marcelo Lopes, mas antes que pudesse pedir a Pedro para abrir a porta do passageiro, ele a apressou: “Entra logo, patroa, não pode estacionar aqui, os fiscais de tránsito estão vindo.” 

Flavia Almeida não teve escolha a não ser entrar no carro. 

O veiculo logo começou a se mover, nenhum dos dois falou, criando uma atmosferal estranhamente silenciosa. 

Pedro, que já acompanhava Marcelo Lopes há anos, tinha a habilidade de ler as situações. Já achou estranho ter vindo buscar a patroa aqui e, com o clima tenso no carro, ficou ainda mais suspeito. 

Eles provavelmente tinham discutido. 

12:45: 

Ele olhou para Marcelo Lopes e depois para Flávia Almeida, pigarreou e tentou aliviar o clima do carro, puxando assunto. 

“Patroa, a senhora se lembra daquele aromatizador que me deu no ano passado no Dia dos Namorados? Eu dei pra minha mãe e ela adorou, coloca do lado do travesseiro todo dia e diz que até dorme melhor. Esses dias, quando fui visitar, ela me pediu um novo, falou que o cheiro do antigo já tinha desbotado, não estava tão bom quanto antes. Onde a senhora comprou? Queria pegar outro pra ela.” 

Flavia Almeida sorriu levemente e respondeu com uma voz suave: “Eu que fiz a mistura dos aromas, encomendel a um artesão pela Internet. Acho que não tem pra vender.” 

Pedro ficou surpreso: “A senhora que fez? Entende de perfumes também, é?” 

Marcelo Lopes parou de repente, com um olhar inquisitivo dirigido a Flávia Almeida. 

Ela balançou a cabeça: “Não é nada demais, só me interesso um pouco. Fico mexendo com isso quando tenho tempo. Aquele aromatizador que a tia usa, os cheiros são bem comuns. Daqui a pouco te mando as quantidades pelo Whatsapp, ai você pode ir numa loja de especiarias e fazer o seu.” 

“Que gentileza da sua parte.” 

“Que isso, imagina.” 

Enquanto falava, Flávia Almeida já estava abrindo o Whatsapp para digitar as proporções dos ingredientes do sachê de cheiro. 

Ela tinha a pele muito branca e dedos finos. Suas unhas, sempre tão simples, agora estavam pintadas de um tom rosa nacarado, e até a maquiagem parecia diferente de antes. Apesar das sutis mudanças, ela exalava um charme irresistível. 

Uma beleza intensa demais. 

Marcelo Lopes deixou seu olhar cair sobre o decote dela. O vestido que usava hoje era bem acinturado e com um decote generoso, revelando curvas bem definidas. 

Ele franziu a testa e disse, em tom grave: “Você não tem outra roupa? Para sair vestida assim?” 

Por dentro, Flávia Almeida revirava os olhos. Já era um milagre ela ter aparecido, e ainda tinhal que lidar com reclamações? 

Com uma resposta evasiva, ela disse: “Comprei essa peça nova, não acha bonita?” 

Marcelo Lopes soltou um resmungo e suas palavras seguintes quase fizeram Flávia querer jogar o celular na cara dele: “Seu gosto continua o mesmo, sem nenhum avanço.” 

Capitulo 9